ë CARDOSO, Agostinho Gabriel de Jesus - Pioneiro

Na Luta contra a tuberculose ou na defesa de medidas de protecção à velhice, Agostinho Cardoso foi, sem dúvida, um homem à frente do seu tempo.

Médico dedicado Agostinho Gabriel de Jesus Cardoso nasceu no Funchal, freguesia de São Pedro, em 1908. Filho do tenente Domingos João Cardoso, fundador da 'sopa dos pobres', e de Maria da Natividade de Jesus Cardoso, passou a infância e a juventude na Madeira até que decidiu estudar Medicina na Universidade de Lisboa. António Almada Cardoso, o único filho entre os dez que escolheu a profissão do pai, diz não saber nem quando nem porquê surgiu o interesse de Agostinho Cardoso pela Medicina. Talvez por ter vivido os anos da juventude numa época em que havia muitos casos de tuberculose ou simplesmente por ter conhecido alguém ou um familiar que morreu da doença, refere. Mas, conjecturas à parte, a verdade é que em plena década de 20 do século passado, Agostinho Gabriel deixou a Madeira e rumou a Lisboa para se tornar médico. Em 1932, conclui a licenciatura e complementa o curso com uma especialização em Medicina Sanitária e um estágio nos serviços do Professor Lopo de Carvalho que então dirigia a Assistência Nacional aos Tuberculosos (ANT). Hoje, o edifício do Campo da Barca passa despercebido para muitos. Por entre as árvores do pequeno jardim, há quem se lembre de passar manhãs ou mesmo dias inteiros nas filas que se formavam à espera de fazer o teste da tuberculina ou para levar a vacina BCG (contra a tuberculose) ou fazer a microrradiografia.

Há vinte ou trinta anos, esta era uma prática habitual e não havia quem falhasse à chamada. As vacinas tinham de estar em dia para as matrículas e para quem ia para a faculdade era obrigatório apresentar os pulmões 'limpinhos' na radiografia. Mas, mesmo nesta altura, em que as vacinas e as provas ainda eram aplicadas no edifício do Campo da Barca, quando os técnicos ainda iam às escolas para que nenhuma criança deixasse de ser rastreada, o nome 'Dr. Agostinho Cardoso', que aparecia em letras gordas na fachada do centro, era uma incógnita para a maioria. O médico, que ainda hoje é considerado um dos pioneiros da pneumotisiologia (tratamento das doenças pulmonares e respiratórias) na Região, nasceu há cem anos e faleceu há quase 30, mas os seus 'ensinamentos', a forma como encarava a luta contra a tuberculose e as bases que implementou em termos de prevenção e tratamentos e de organização de serviços ainda hoje se mantêm quase inalteradas. Prova de que estava muito à frente do seu tempo.

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